31.10.07

A Piqui


Ela é a criança de 4 anos com mais apelidos que eu conheço. Para uns é Níni, para outros, Nina, e também Kika, Rafa, mas pra nós sempre foi Pipi. E porque ela gostou, pegou. Com 1 ano já dizia:

- Meu nome não é Rafaella, é Pipi.

E Pipi teve variações, e virou Piqui-Liqui, e com o tempo, simplesmente, Piqui.

A Piqui é dona de uma das vidas mais divertidas que eu conheço. Tem muitos irmãos - um de sangue e dois “de coração”, como ela mesma diz –, um cachorro chamado Caju, outro chamado Cosquinha, uma “peixa” chamada Luneta, e dois pintinhos, o Pepino e o Biscoito. Nomes escolhidos por ela, porque a Piqui é também a criança mais criativa que eu conheço.

A Piqui adora filmes. Volta e meia ela é algum personagem (“Mãe, eu não sou a Piqui, eu sou a Dorothy”). E quando descobre um filme novo, vê até a gente enjoar – porque ela não enjoa nunca. Ninguém mais suportava ver Noite no Museu, mas ela fazia cenas dantescas na locadora, e lá vinha Noite no Museu de volta para o DVD. Até que convencemos a Piqui a ver Noviça Rebelde. Chegando em casa, descobrimos que não tinha dublagem em português.

- Coloca em espanhol. Quero aprender a falar espanhol.

E assistiu sete vezes em espanhol.

- Amei esse filme.

A Piqui só não pode ver Bambi, porque a mãe dele morre e ela chora o resto do dia sem possibilidade de consolo. A Piqui é a criança mais sensível que eu conheço, e chorou muito quando descobriu que todas as pessoas ficam velhinhas e morrem. Mas quando pisam nos calos dela, a Piqui pode ser muito impiedosa. Como quando foi impedida de ver seu desenho preferido no Discovery Kids (Charlie & Lola) porque o tio colorado queria aproveitar a rápida passagem pelo Brasil para saciar a vontade de ver os gols do seu time no Globo Esporte. Tentamos argumentar que a TV não era só dela (apesar de nós sermos os hóspedes), mas a Piqui se revoltou.

- Essa TV não é de vocês, essa casa não é de vocês, nem aquele quarto é de vocês. Vou colocá-los para dormir aqui na sala, nesse chão bem duro e frio, sem cobertor.

Eu achei graça, mas a mãe dela gritava, horrorizada:

- Pede desculpas! Pede desculpas!

Se tem uma coisa que a Piqui detesta é pedir desculpas. E receber ordens, tomar banho, andar de mãos dadas e ser proibida de fazer algo. Segundo ela, “quando as crianças querem fazer algo, os adultos têm que deixar”. E o que tu vai ser quando crescer, Piqui? “Presidente do Brasil”, ela responde. Pensando bem, é o único cargo no país ao qual ela se adaptaria. A Piqui é a criança mais orgulhosa, voluntariosa e insubmissa que eu conheço. Faz tudo sozinha desde os 2 anos.

- Eu odeio ajuda – ela diz.

Mas a pequena Kate Mahoney também sabe ser fofa, fofa, fofa.

- Dani, sabia que tu é a melhor tia que eu já tive?

Ai, ai. Quem resiste?

A Piqui não sabe guardar segredos. Ela pula e ri nervosamente, até contar pra todo mundo, 15 segundos depois. A Piqui ama cavalos e pediu para o avô plantar girassóis no sítio dele. Eles cresceram, floresceram. E quando morreram ela disse:

- Os girassóis são como as pessoas, vó. Não duram muito.

A Piqui tem uma imaginação incrível, a melhor gargalhada do mundo e silêncios impenetráveis. Pode ficar muito tempo pensativa, sem responder pergunta alguma. E quando a gente menos espera, faz confissões surpreendentes.

- Dani, sabia que eu já chorei porque queria ser muito grande e alta pra alcançar a comida nos armários?

Eu disse pra ela não chorar, pois um dia ela ia ser muito grande e alta, e, enquanto não crescia, era só subir numa cadeira.

- É, mas quando eu faço isso, a minha mãe diz: “pode saindo”.

Árdua tarefa a de ser civilizadora desta criatura indomável. Um dia, a mãe da Piqui fez algo que ela não gostou, e eu, lá do quarto que não é meu, pude ouvir os gritos dela:

- Pede desculpas! Pede desculpas!


Lendo antes de dormir

Um dia ela vai ter um blog

Partimpim no iPod

Ver Charlie & Lola ou ir à locadora?

De bem com o tio colorado

26.10.07

7 anos essa noite

Tu beso se hizo calor
Luego el calor, movimiento
Luego gota de sudor
Que se hizo vapor, luego viento
Que en un rincón de la rioja
Movió el aspa de un molino
Mientras se pisaba el vino
Que bebió tu boca roja.

Tu boca roja en la mía
La copa que gira en mi mano
Y mientras el vino caía
Supe que de algún lejano rincón
De otra galaxia
El amor que me darías
Transformado, volvería
Un día a darte las gracias.

Cada uno da lo que recibe
Y luego recibe lo que da
Nada es más simple
No hay otra norma:
Nada se pierde
Todo se transforma.

El vino que pagué yo
Con aquel euro italiano
Que había estado en un vagón
Antes de estar en mi mano
Y antes de eso en Torino
Y antes de Torino, en prato
Donde hicieron mi zapato
Sobre el que caería el vino.

Zapato que en unas horas
Buscaré bajo tu cama
Con las luces de la aurora
Junto a tus sandalias planas
Que compraste aquella vez
En Salvador de Bahía
Donde a otro diste el amor
Que hoy yo te devolvería.

Cada uno da lo que recibe
Y luego recibe lo que da
Nada es más simple
No hay otra norma:
Nada se pierde
Todo se transforma.

(Jorge Drexler)


Saudosa Bahia

Noite louca em Búzios

Casapueblo no Uruguai

Recoleta em Buenos Aires

Despedida em POA

Encontro que gerou outros encontros

Dolce vita em Barça

Les amants de Paris

Escaldante Tarragona


Girona

Badalona

Canigó

Nós

Sós

Saint Germain

Montjuïc

Coisa querida!

Entre amigos

14.10.07

Flickrs

Às vezes esse blog tem preguiça de postar fotos. Porque blog, todo mundo sabe, foi feito pra escrever, não pra postar 40 fotos de uma só vez. O problema é que esse blog também tem preguiça de escrever. E como há sempre muita foto pra postar, a gente corre pro flickr. Ou melhor, pros flickrs: o meu (agora também em cores) e o dele (com ilustrações by mgravana). Se a gente andar muito ausente por aqui, já sabem: é por lá que a gente anda.